Vórtex
Data de Realização: 09/03/2023 a 31/05/2023
O vórtex é um fenômeno que surge devido à diferença de ressçao entre duas regiões vizinhas, gerando um padrão circular ou espiral. A trajetória da artista cariosa Lyz Parayzo parece traçar um paralelo a esse redemoinho. De um lados das forças, Lyz inicia sua carreira como escultora diretamente inspirada pelo movimento neoconcreto brasileiro e por artistas como Lygia Clark e Waldemar Cordeiro. […]
Por mais que seja constítuido de forças opostas, o desenho do vórtex cria áreas comuns entre as linhas de seu contorno, que finalmente convergem para um único ponto central onde não sabemos se é de onde ele surge, ou para onde ele se endereça. No trabalho de Lyz Parayzo, esse ponto central é a inevitável implicação de sua subjetividade como mulher trans, indissociável de sua obra. O retrato de sua existência se converte formalmente em suas esculturas através das formas e do material de sua obra, numa imposição que tenciona quem entra em contato com ela.
Lyz Parayzo é escultora e também realiza trabalhos em joalheria e audivisual. “Vórtex” apresenta 7 móbiles em alumínio. Entre os desenhos de seus contornos estão as já tradicionais superfícies serradas da artista, mas também barbatanas de tubarão, espinhos e coroas. São formas afiadas que não se limitam a apenas simular a possibilidade do corte, mas, pela realidade do material escolhido, efetivamente cortam. A sensação de perigo e a necessidade de atenção é um estado constante para corpos trans num mundo dominado pela lógica cis-heteronormativa, e é esse ambiente que a artista deseja que seu púbico entre em contato.
A exposição contou ainda com a exibição do filme “Cavalo de Tróia” que trazuma contextualização das diversas camadas que representam o trabalho da artista ao mesmo tempo que levanta provocações políticas sobre as dificuldades enfrentadas pelas pessoas trans do Brasil, principalmente as que desejam adentrar no mundo da arte.
Lyz Parayzo não se limitou a exibir suas obras, mas se interessou em criar um ambiente imersivo que contextualiza a intenção de seu trabalho através do diálogo com a arquitetura. A violência dos esguios móbiles afiados vai de encontro à iluminação rosa que inunda o ambiente criando uma atmosfera que, paradoxalmente ativa um estado de alerta, amo mesmo tempo que despeerta a curiosidade e o desejo.
A exposição no Centro Cultural do Alumínio marcou o amadurecimento da pesquisa da artista com o material alumínio. Em seus primeiros trabalhos, as “Bixinhas” apresentavam-se estéticas ao espectador, que era convidado a realizar seu movimento por meio do perigoso manuseio de suas pontas afiadas. Agora, Lyz apropria-se do movimento em espiral e ampliou sua escala, inundando o ambiente arquitetônico com seu corpo numa sinuosa coreografia, tão desutora quanto perigosa.
Veja imagens de como foi a exposição: